quinta-feira, 5 de junho de 2014

Efeito malmequer

Alguém consegue ver?
Neste momento
No tempo
A fragilidade dela
Descoberta
E tão bela
Só neste momento
Aberta
Só ela.

Alguém vê a pureza
No fundo
Que ela esconde
Do mundo
Lá onde
Só ela
E só quem a ama
É capaz de ver.
Efeito malmequer.


5 de Junho, 2014

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Saudades

Há sempre quem saiba o que quer
E há quem não saiba querer
Audazes, que julgam saber
De onde é que o amor vem...

Se eu, em tudo o que fizer,
Puser tudo o que julgo ser,
Eu amo e não deixo de ter
Saudades de quem me fez bem...

Há sempre uma coisa que fica
Tão boa, parece mentira
Tão pura mas que eu não via
Um tempo de outra magia
Vivida com outra energia
Mas que eu ainda queria
Mas só por um dia.


4 de Junho, 2014

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Teatro de uma paixão


Tão lindos os enamorados
Com velhos truques em acção
Palavras ao vento, bailados
Beijinhos frescos de limão.

Mas logo, qual malabarismo
Não tarda o pano vai ao chão
Entra em cena o dramatismo
Sai a figurante paixão.

É como estar de olhos vendados,
Um pouco como masoquismo,
Promessas e os dois algemados
Sempre no mesmo mecanismo.

Cá dentro, a certeza aperta
Tão clara, parece mentir:
Amar é ter a porta aberta;
Ser amado, poder existir.


29 de Maio, 2014

terça-feira, 27 de maio de 2014

Perspectiva


Da vida, do amor e da alma
Não tenho eu mais que ninguém
O mais e o menos são nada
E o nada é algo também.

Crer, não querer ou fugir
Vontades, quem é que não tem?
Voar e sonhar em cair
E as quedas são algo também.

O chão é o topo do céu
Eu juro, vai da perspectiva
Amarga pode ser a doçura
Da alma, do amor e da vida.


27 de Maio, 2014

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Fumo



Se me fumo a juventude
E o tempo passa
Não me interessa.
Se há um deus que me ajude
E me dê força
Não me importa.
Se o céu chora
Ou o sol vai aparecer
Eu quero é lá saber!
Eu só quero adormecer
E ser, e ser, e ser,
Não ser.


10 de Abril, 2014

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Verdade


Do incerto, crio ilusão em verso
Da certeza, faço poemas só meus
Enquanto todas as leis do universo
Parecem tentar fazer esquecer deus.

Quando estrelas são milhões no infinito

Onde nada é garantido neste mundo
Pinto-me de branco, rio e acredito
Que a Verdade vem sempre de cá do fundo.

Vem do Além a energia que segura

O feixe de luz que a define
Sendo transparente, forte e pura

Contra a matéria escura que a deprime...

Subliminar numa réstia de amargura,
Um conceito de vida sublime.

Com Sfich,
23 de Maio, 2012

quarta-feira, 15 de junho de 2011


“E de novo acredito
que nada do que é
importante se perde
verdadeiramente.
Apenas nos iludimos,
julgando ser donos
das coisas, dos
instantes e dos
outros.

Comigo caminham
todos os mortos que
amei, todos os amigos
que se afastaram,
todos os dias felizes
que se acabaram.

Não perdi nada,
apenas a ilusão de que
tudo podia ser meu
para sempre."

Miguel Sousa Tavares

terça-feira, 25 de maio de 2010

Na margem


De mim, dividida, pensei que aguentasse
Do mundo, dos outros, do destino o impasse:
De um lado, que a angústia de tudo morresse
De outro, que o conforto do nada pesasse.

Se por não mais sofrer, orgulhosa, eu secasse,
Só a restar no olhar, sem alma, uma face.
Se o tempo fugisse ou eu adormecesse…
Se ao menos um deus me ouvisse e falasse…

– “Aos meus pensamentos faltou harmonia
Pensei que na margem também andaria
E que apenas iria ser mais devagar.”

– “Troca o que pensas por beijos d’esperança
Na margem, o medo domina a criança
No rio, vais na dança da vida a voar.”


25 de Maio, 2010

sexta-feira, 19 de março de 2010

Sombra


Vai, oh sombra, segue à frente
Num reflexo não mais meu…
Somos já tão pequeninos,
Mingamos se olhamos o céu.


19 de Março, 2010

domingo, 31 de janeiro de 2010

Invictus


"Out of the night that covers me,
Black as the pit from pole to pole,
I thank whatever gods may be
For my unconquerable soul.

In the fell clutch of circumstance
I have not winced nor cried aloud.
Under the bludgeonings of chance
My head is bloody, but unbowed.

Beyond this place of wrath and tears
Looms but the Horror of the shade,
And yet the menace of the years
Finds and shall find me unafraid.

It matters not how strait the gate,
How charged with punishments the scroll,
I am the master of my fate:
I am the captain of my soul."

William Ernest Henley

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Troca


Vaga, a minha alma perde forma.
Onde a cor delineava o meu corpo,
anoitece.
Se me rendo, a solidão leva o tempo.
Sinto a luz mas o ar não me toca,
atravessa.
E a lua enche e o amor quer a troca.
Calor beijado em vez da saudade,
a promessa.


19 de Janeiro, 2010

Labirinto


"Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem achei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,

Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem,
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.

Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: «Fui eu?»
Deus sabe, porque o escreveu."

Fernando Pessoa

domingo, 17 de janeiro de 2010

Vuela amigo, vuela alto


"Chora o que tiveres de chorar, sente o que tiveres de sentir até ao fim… Eu também não gosto de abandonar a tristeza, só porque me pedem para deixar de estar triste; Mas não quero que a tua tristeza me impeça de te acompanhar até onde não seja inconveniente."

Sfich

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Amar


O céu não chega e eu sufoco
(corre o vento e o tempo morre)
por um vislumbre do teu mar…
Olhos luz com os meus toco
e menos denso fica o ar…


12 de Janeiro, 2010

domingo, 13 de dezembro de 2009

Raiz


Do teu sangue à minha lágrima,
tanta força
quanto medo.
Cada fim de cada alma
tem raiz no seu segredo…

Do meu horror ao teu silêncio,
quão mais velho
tão mais dura.
Noite ou luz por fumo denso
mais engoles, mais loucura…


13 de Dezembro, 2009

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Diamantes


E do que resta de tempos inglórios
Voa no vento o véu da memória,
Que a noite vem e leva os demónios
Mas devolve-me à voz da insónia…

Então jurei que jamais cantaria
“antes mentir que invocar agonia
para quê sonhar se acordo vazia…”

Breves, diamantes, ecos, melodia
“que num abraço o amor já se via
trazias luz, um beijo, e eu dormia…”


27 de Outubro, 2009

sábado, 8 de agosto de 2009

Estudo


Do que sei de mim
Sei do mar.
Sei das formas, sei das cores.
Que a onda nasce, cresce e cai
E que, a cada recomeço,
Já não vai ser mais a mesma
Que desperta, sobe e seca
Mas a luz do seu avesso.

E corres e corres mas afundas
Percorres, percorres mas perdes
E morres e morres mas demoras


8 de Agosto, 2009

terça-feira, 14 de julho de 2009

Choro do elefante


És só do tamanho da grandeza das crianças
E ninguém te vê, elefante
Não te ensinam a crescer
Sacrificam-te por poder.

E a natureza é agredida
e as estrelas perdem vida
e o negro manto é esfarrapado.

E a vergonha deles, elefante
foi esquecer como chorar
faltar coragem para te amar.

Tens só o peso do medo que há no mundo
E todos te ignoram, elefante
Escondem-te e calcam-te
violam-te e recalcam-te, elefante.

E a terra seca, suga e sangra
e um lado segue e não socorre
e o outro mata ou então morre.

E os teus pais, elefante?
já nem vais morrer ao pé deles…
onde estão os teus pais, elefante?

Viveste só tempo demais neste planeta
E alguém te respeita, elefante?
Queremos viver o momento,
Não o teu conhecimento.

E o sol acanha-se a brilhar
e a terra cobre-se de mar
e corais a preto e branco.


14 de Julho, 2009

domingo, 28 de junho de 2009

Tenho todos, pensamentos



Tenho todos, pensamentos
Penso todos, sentimentos

Sinto todos os sonhos dos sonhos que tenho...

e penso, e sinto, e sonho...

e sonho e sinto, e não sonho e penso...

e penso e não sinto, e acordo e tenho...

e tenho, e não tenho...

Penso todos, sentimentos
Tenho todos, pensamentos


28 de Junho, 2008

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Breathe me


"Help, I have done it again
I have been here many times before
Hurt myself again today
And, the worst part is there's no one else to blame

Be my friend
Hold me, wrap me up
Unfold me
I am small
and needy
Warm me up
And breathe me

Ouch… I have lost myself again
Lost myself and I am nowhere to be found,
Yeah, I think that I might break
Lost myself again and I feel unsafe

Be my friend
Hold me, wrap me up
Unfold me
I am small
and needy
Warm me up
And breathe me"
Sia

domingo, 21 de junho de 2009

Segredo


Conta-me tudo sobre ti,
as tuas formas de existir…
Depois fala-me outra vez
das promessas por cumprir.

Onde estamos ninguém sabe,
juntos, longe ou a morrer…
Eu daqui tenho o que sou
E tu, só tens de aparecer...

Não crer e ter de encontrar,
neste universo em desalinho,
a força exacta para guardar
o segredo que eu mais temo...


21 de Junho, 2009


“You reached for the secret too soon,
You cried for the moon”
Roger Waters

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Cansaço


Esgotam-me gritos guardados
(de lágrimas em mão)
e parte desse cansaço
é submissão à razão.

Querer flutuar em véus brancos
(e quentes de rubor)
por mais difícil que seja
ver lógica no amor.

Mas não tenho outra escolha
(ou escolho perder)
e gasto-me e luto
quando me quero render.


12 de Junho, 2009

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Mar adentro


Mar adentro, mar adentro
rendem-se medos e sonhos
sob o peso das estrelas
entre o inferno dos vivos
e o céu dos teus olhos.


22 de Maio, 2009


"Mar adentro, mar adentro,
y en la ingravidez del fondo
donde se cumplen los sueños,
se juntan dos voluntades
para cumplir un deseo.
Un beso enciende la vida
con un relámpago y un trueno,
y en una metamorfosis
mi cuerpo no es ya mi cuerpo;
es como penetrar al centro del universo:
El abrazo más pueril,
y el más puro de los besos,
hasta vernos reducidos
en un único deseo:
Tu mirada y mi mirada
como un eco repitiendo, sin palabras:
más adentro, más adentro,
hasta el más allá del todo
por la sangre y por los huesos.
Pero me despierto siempre
y siempre quiero estar muerto
para seguir con mi boca
enredada en tus cabellos."
Ramón Sampedro

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Sorte


Não há alma mais prometida:
Enquanto vela amor veludo,
Parte pena pela partida.

Passado passa a resumo
Sem memória, som agudo.
Futuro, fogo feito fumo.

Vais-te e vai-se a minha sorte
Esvaneço, esvai-se tudo
Mesmo marasmo mas mais morte.


29 de Abril, 2009

sexta-feira, 3 de abril de 2009

O erro


Maníaco-demente, danos cerebrais
Delírio permanente em descobertas teatrais
Se não finge é porque mente, houvesse ilusões irreais!

Luz-te a mente em apogeu
Salva-te e o mundo é teu
Não vês que o erro sou eu?


3 de Abril, 2009

quinta-feira, 12 de março de 2009

Saudade


Adoração pelos amantes da magia,
da utopia
que vicia,
como o encanto do teu toque.

E compaixão por quem ainda não sabe
que saudade
é a vontade
de envelhecer contigo.

Aliciante o entusiasmo que me invade
mas saudade
é, na verdade,
querer nunca te ter sentido.


12 de Março, 2009

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Isto


E se um estímulo calculado,
desenhado em pensamento,
denunciar o teu segredo?

E se for a lua a contemplar-te,
a brilhar pelo divertimento
de te arrancar e trazer medo?

E se a verdade de um beijo te fizer chegar às lágrimas?

Nada mais seja real, isto eu vi:
por quantas vezes me perdi,
acabei sempre por reinventar um pouco mais de mim.


18 de Fevereiro, 2009

domingo, 25 de janeiro de 2009

O Sonho (de "Amores")


Levas-me a mão
e, contigo, sou inteira.
Flutua a sensação
de que o reflexo
dos meus olhos
nos teus olhos
vale mais que uma vida.

Canto-te e pinto-te…
E, enquanto sonho,
adio a despedida.


25 de Janeiro, 2009

sábado, 17 de janeiro de 2009

A um deus


Hoje não estou em mim.
Estou acima de medos e bloqueios.
Acima de paixões e devaneios.
Acima.
Qualquer coisa me faz sentir coisa alguma.
Não há sorte nem vontade.
Nem sou anciã nem sou menina.
Estou acima.
E mentiras, todas, uma a uma,
são fragmentos de verdade…

Ou estarei a olhar para cima?

Não,
hoje não estou em mim.


17 de Janeiro, 2009

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

O Sonho


Ecos de mim inspiram a voz da madrugada…

O que não vivemos, sonhemos.

Expiro…


Vi-me, em sonho, pensar uma vida.
E senti pena por quem ainda
havia tanto para chorar.


7 de Janeiro, 2009